Nem tudo está condenado às tristes consequências da pandemia de COVID-19. Embora o principal responsável pelo descaso que está resultando na maior tragédia sanitária dos últimos tempos continue livremente boicotando o combate à transmissão do novo coronavírus e, com isso, fazendo com que o contágio se alastre e crie o caos na saúde pública, levando milhares de brasileiros para a cova, algumas coisas têm outro destino.
A última fala do imbecil foi uma acusação de que a imprensa criou artificialmente um estado de pânico na população. Chega a ser surreal. Será que ele se dá tanta importância assim para delirar a ponto de imaginar uma conspiração mundial contra o seu (des)governo? Um conluio da imprensa de todo o mundo para fazer a população acreditar em uma doença que, apesar de matar a rodo, não existe? E para derrubá-lo?
O cara se acha!
Mas, em meio a esta insanidade (em todos os sentidos), algumas coisas estão voltando ao normal. Talvez até nem tenham sido afetadas.
O melhor exemplo é a impunidade de corruptos poderosos.
Sim, o combate à corrupção não passou de um soluço. O movimento que parecia ser para valer foi contaminado pela mesma doença que serve de adubo à corrupção. Seus integrantes caíram enfermos. E há quem afirme que seu estado é terminal. É o que me parece também.
Evidentemente, os trapaceiros que posaram de partidários do combate à corrupção já perceberam isto e, como ratos, abandonam o barco rapidamente.
E, enquanto o país segue rachando, provas são anuladas, ritos sofisticados têm prevalência sobre a simples verdade, processos são arquivados, a jurisprudência é posta em contradição, órgãos de investigação são contidos e novas leis são gestadas para a proteção deste estado normal de coisas.
É o que se vê nas principais manchetes. A pandemia corre solta, assim como a corrupção. E seus responsáveis.
Confesso que já tive coceira para acreditar que haveria, de fato, uma conspiração. Mas não a defendida pelo imbecil. Outra. Uma conspiração que explicasse a pandemia e o alargamento da corrupção (e sua impunidade) estarem acontecendo ao mesmo tempo. Assim: a primeira serve intencionalmente para tirar a atenção da segunda. Mas resisti heroicamente. É óbvio que não se trata disto. O que está havendo é apenas uma coincidência. Afinal, coincidências também são coisas normais.
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