sábado, 19 de janeiro de 2013

"Carrinheiro"

Lá fora a chuva fina turva a luz
e molha o palco aberto onde se faz
da hora a velha sina que conduz
quem olha a rua incerta e o chão voraz.

Um vulto esconde o rosto em breu capuz
enquanto a chuva insiste em ser tenaz...
Avulta em mim desgosto que traduz
em pranto a chuva triste e pertinaz.

Estia enfim e o vulto se levanta
e leva o seu carrinho em contramão
na via onde um insulto o desencanta

e faz brotar nos olhos a explosão
que torna a raiva insana e a dor maior
na lágrima, na chuva e no suor.

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